O documentário Afrontosa, dirigido por Coraci Ruiz e Julio Matos, foi selecionado para participar do Marché du Film

O mercado de filmes do Festival de Cannes é um dos eventos mais prestigiados da indústria cinematográfica mundial. O documentário Afrontosa, que está atualmente em fase de montagem, é realizado pelo Laboratório Cisco e tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2026.
A indicação foi divulgada nesta quinta-feira (17) e pode ser conferida no link oficial do Festival de Cannes
Neste ano, o Brasil é o país de honra no Marché du Film e os diretores de Campinas integram a delegação brasileira composta por cineastas de diversas regiões do País. Durante o evento, os projetos selecionados recebem consultorias, participam de rodadas de negócios e apresentam trechos dos filmes para profissionais do setor audiovisual, incluindo possíveis parceiros de coprodução e distribuição.
Afrontosa acompanha a história de Suzy Santos, mulher trans, preta e periférica, fundadora da Casa Sem Preconceitos, um abrigo para pessoas trans em situação de vulnerabilidade em Campinas.
O longa retrata sua trajetória ao longo de 2024, quando decidiu se candidatar ao cargo de vereadora na cidade. Com um olhar íntimo sobre sua rotina, o documentário revela os desafios de fazer política fora dos moldes tradicionais, em um país ainda marcado pela violência contra corpos dissidentes.
O projeto tem apoio da AltérCine Foundation (Canadá) e foi viabilizado por meio de recursos da Lei Paulo Gustavo. Antes de chegar a Cannes, Afrontosa passou por laboratórios de desenvolvimento na Argentina e no Chile.
A produção é assinada pelo Laboratório Cisco, produtora sediada em Campinas com histórico de participação em festivais internacionais e trabalhos exibidos em canais como Futura, TV Sesc, British Film Institute e TV Cultura. Esta é a primeira vez que a produtora marca presença no Festival de Cannes, consolidando um novo e significativo passo em sua trajetória no cinema documental.
Além de Afrontosa, o cinema brasileiro também marca presença na competição oficial do festival com Agente Secreto, novo longa de Kleber Mendonça Filho.
Sobre os diretores
Coraci Ruiz e Julio Matos atuam juntos no cinema documental desde 2003. Entre seus principais trabalhos estão Cartas para Angola (2012), Limiar (2020) e Germino pétalas no asfalto (2022), todos exibidos e premiados em dezenas de festivais no Brasil e no exterior.
Mais recentemente, o curta Utopia Muda (2024) também recebeu destaque internacional. Coraci é doutora em Multimeios pela Unicamp, e Julio é mestre em Comunicação Social pela Goldsmiths, Universidade de Londres.