Sukande Kasáká de Kamikia Kisedje vence o prêmio de melhor documentário no festival É Tudo Verdade
O documentário “Sukande Kasáká | Terra Doente”, dirigido pelo cineasta indígena Kamikia Khisedje, se destacou na 29ª edição do Festival “É Tudo Verdade”, encerrada no último fim de semana. A obra recebeu dois dos maiores prêmios da Competição Brasileira de Curtas-Metragens: “Melhor Documentário” e o “Prêmio Mistika de Pós-Produção”. Além disso, o filme foi agraciado com a “Menção Honrosa do Prêmio EDT”, concedido pela Associação de Profissionais de Edição Audiovisual, na mesma competição. Esses reconhecimentos consolidaram o filme como um dos mais impactantes do festival.
Com uma narrativa visceral e comprometida com a realidade do seu povo, o curta traz um retrato íntimo e urgente da luta dos Kisêdjê contra a contaminação de seu território ancestral pelos agrotóxicos. Ao longo de 12 anos de filmagem, a obra registra a degradação ambiental causada pela pulverização aérea de veneno, que ameaça a saúde e a cultura da comunidade, levando-os a abandonar a aldeia de Ngojhwere. O filme, que é uma denúncia sobre os efeitos da monocultura e do agronegócio, destaca a resistência e a dor de um povo originário diante da destruição do seu modo de vida.
Além da premiação no festival, “Sukande Kasáká | Terra Doente” se prepara para ganhar novos palcos: será exibido na “Mostra Ecofalante”, em junho, e entra na lista de documentários que podem ser avaliados para uma possível indicação ao Oscar. A expectativa também é de que o filme seja exibido na “COP30”, em Belém, em 2025, levando sua mensagem de resistência e preservação a um público ainda maior.
Mais do que um simples registro da crise ambiental, o documentário se firma como uma afirmação do cinema indígena como uma poderosa ferramenta de denúncia e preservação, ecoando a voz de um povo que luta para manter suas tradições e seu território diante de um modelo de desenvolvimento predatório.
